11.24.2005

Serão os genes?

Sentado à mesa de um restaurante na baixa lisboeta. O empregado aproxima-se:

- Já escolheu?
- Já. Um bitoque por favor.
- Muito bem. E com o bitoque vai querer arrozinho?
- Não, obrigado.
- E saladinha?
- Também não.
- Batatinha frita?
- Não, nada.
- E para beber, uma cervejinha?

O diálogo continuaria, certamente, repleto de "inhos" e "inhas"."Obrigadinhos" e "obrigadinhas". E o mais grave é que a linguagem repete-se quando vamos ao mercado, ao talho ou à peixaria. Porquê? Porque somos assim cheios de "inhos" e de "inhas" - "sim, ele já está benzito"; "não, olhe, atrasou-se...coitadinho" - dando a sensação que temos permanentemente que pedir, implorar, rebaixar as nossas vontades para sermos aceites pelo próximo. Somos diminuidos de espírito? Creio que não. Fazemos o mesmo quando queremos investir no estrangeiro? Espero que não. Ou quando jogamos uma final do mundial de futebol? Serão os genes? O Tratado de Tordesilhas faz-me crer que não...