11.30.2005

Cartaz - Francisco Louçã



"Olhos nos olhos" diz-nos o bloquista com um ar sério. Apresenta-se como um
político determinado, frontal, sem rodeios. Daqueles que agarram o "boi pelos cornos", perdoem-me o dito popular. Ah, e acrescenta Louçã, o voto em si não é quantificável mas faz "toda a diferença".
Francisco Louçãa apresenta-se de camisa - não se percebe se com mangas arregaçadas, curtas, ou com os botões apertados. Não interessa, porque não tem gravata. Está informal, casual, sem dúvida.
O fundo do cartaz é vermelho com relevantes madeixas - umas linhas difusas em tons de amarelo e verde-, dando alguma modernidade ao moopie e marcando a diferença com o cartaz de Jerónimo de Sousa. Dá, aliás, a sensação de que foi feito por grafitis. Outro pormenor nada desprezível: o letring. Moderna, irreverente e apelativa a forma como o til do "a" parece ter nascido no "c" que o antecede.
Até 2009 - se os ciclos eleitorais não forem interrompidos - não haverá eleições o que poderá esfriar o efeito novidade, surpresa de que o Bloco de Esquerda tem beneficiado desde a sua criação. O BE não quer cair no esquecimento, perder o fulgor que tem tido. Francisco Louçã vai a votos contra a direita(Cavaco Silva) mas também pela conquista e reforço de um espaço eleitoral próprio à esquerda. Se nas autárquicas tentou, sem efeito, ombrear com o PCP - um partido há muito implementado na democracia-, agora a história é outra: Louçã entra bem no eleitorado urbano e tem um discurso "fresco" tendo em conta a concorrência - Cavaco, Soares, Jerónimo e Alegre. Mas Louçã, como os restantes, dependerá de resultados porque a 22 de Janeiro o eleitorado não avaliará esforços. Sim, desempenhos. Para um jovem partido como o BE, que ficará quatro anos sem ir às urnas, é importante encerrar este ciclo, infernal, de eleições com um bom "score". Porque faz, naturalmente, "Toda a diferença".
Francisco Louçã já falou do fim da falência da segurança social, da retirada dos crucifizos das escolas e das faltas de um secretário de Estado. Tem alvos cirúrgicos. Se os atingir com sucesso, está "safo". Continua a dizer que não desiste "vai mesmo até ao fim".