11.30.2005

Cartaz - Cavaco Silva

Preâmbulo: Soares chama-lhe "esfinge" mas em matéria de cartazes Cavaco Silva é um "fantasma". Quem não souber ler pensa até que não tem qualquer propaganda eleitoral: a sua cara não aparece. O professor ainda tem anti-corpos. Ele, a entourage de campanha e os portugueses sabem-no bem. Quem não estranha a aparição de Cavaco Silva diariamente nos telejornais? Não causa mal-estar? Desaparecido durante 10 anos, quando nos queria dizer alguma coisa Cavaco causava espanto e o país tremia, agora está ali à mão? Todos os dias? Porquê? O português é esquecido, é verdade. Mas, também, desconfiado. Cavaco não precisa de correr riscos e alimentar alergias adormecidas. A única referência que tem é a morada de internet. E não fosse o seu nome aparecer rodeado por "w´s" e "pt" e o cartaz seria anónimo.

Mensagem: "Portugal precisa de si". O ex-primeiro-ministro coloca o ónus da candidatura no estado das coisas. Disse que, não fosse a gravidade da crise do país e não se candidataria. Agora reforça: pede apoio, isto é votos, não por ele. Mas porque "Portugal", esse ente comum, precisa do nosso apoio. Sem sobranceria. Com humildade democrática, Cavaco diz que nos quer a seu lado para invertermos o contexto que nos rodeia.
No rodapé lê-se "PortugalMaior". Duas palavras que dada a conjugação mereceram variadas críticas à esquerda. O socialista Paulo Pedroso lembrou, por exemçlo, que a expressão era empregada pela Mocidade Portuguesa. Houve ainda quem perguntasse que país vamos invadir para aumentar o nosso território? Maldades. Cavaco quer, realmente, um Portugal na maoridade: económica, política, social, cultural e, acima de tudo, financeira. Quer ele e queremos todos. Mas a mensagem política está bem montada: sem ruído, sem interferências, virada para o colectivo e com um objectivo muito bem definido: "PortugalMaior".
O cartaz tem uma faixa verde outra vermelha e, no meio, um círculo amarelo. As similitudes com a bandeira nacional são mais do que evidentes. E a mensagem não verbal, mantém a sintonia com a verbal. Cavaco decidiu apenas candidatar-se no final do verão? Está à vista que não. Tudo foi preparado ao milímetro....